quinta-feira, 7 de março de 2013

ARTE E EDUCAÇÃO

Mediação e criatividade

Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou  a sua construção. 
Paulo Freire
Através de minhas experiências com arte e educação venho descobrindo que o ensino e aprendizagem de arte podem provocar nos alunos novas experiências no contato com a arte, levando-os a se interessar pelo processo criativo descobrindo formas de elaborar e criar seus trabalhos com autonomia, investigando e manuseando materiais, conhecendo técnicas e estilos artísticos, estimulando seus sentidos e aumentado suas percepções, buscando estar atento e com um olhar sempre aberto a desvendar significados nas artes e nas experiências de vida no seu dia a dia.
A partir das experiências nas aulas de criatividade que tive na Escola Guignard (UEMG), na aplicação de aulas e no processo de mediação nos espaços não formais, penso que o ensino/aprendizagem em arte proporciona uma experiência enriquecedora para o aluno e para o professor, pois o fazer artístico que estimula a criatividade e o pensamento do aluno levando-o ao desafio de buscar soluções para a realização dos trabalhos por meio das experiências dele próprio traz confiança na descoberta de seu potencial, sendo o professor um estimulador e propositor, que mostra caminhos a serem explorados pelos alunos, que por seus próprios meios encontra soluções no ato criativo.
Por essas experiências vejo também que a mediação tem papel fundamental no processo educativo, pois provoca o aluno a investigar e analisar os trabalhos por meio do olhar, proporcionando uma leitura não só estética das obras, mas descobrindo conceitos, contextos históricos, e novos significados nos trabalhos, analisando a materialidade ou a poética de cada obra, passando às vezes de um momento de estranhamento à admiração, provocando a imaginação do aluno. Esse pensamento é fundamental no processo pedagógico/criativo e na fruição da obra de arte, pois muitas vezes o aluno diz não gostar de seu trabalho ou não ter entendido uma obra de arte, não percebendo que a experiência com a arte expande nossas percepções, trazendo a oportunidade de ver o mundo de forma diferente, aprendendo a identificar valores em coisas simples.
Nas aulas de arte, tanto na escola como nos espaços não formais devemos mostrar aos alunos que a obra de arte, antes de fornecer um conhecimento sobre o mundo, nos impulsiona a um diálogo sobre o mundo mediado através do olhar e dos signos nela contidos. Assim, ao se propor um encontro com obras de arte em sala de aula ou em museus e centros culturais deve-se explicitar aos alunos/fruidores da arte a conscientização de que os artistas se propuseram a falar de suas realidades e esperanças através da linguagem da arte. Nesse processo de ensino e aprendizagem em arte é importante criar condições para novos encontros e experiências estéticas, tendo em vista que a obra pode oportunizar uma experiência nova para cada fruidor, revelando assim seu ponto de vista, exigindo do aluno uma atitude de investigação, levando-o a aprender com suas descobertas as possibilidades de criação e interpretação por meio da arte.
Por meio da exploração sensorial dos espaços expositivos, somos capazes de descobrir novas formas de experenciar e fluir a arte, buscando o diálogo e a troca de saberes, compreendendo as imagens de uma forma diferente a que estamos habituados, desenvolvendo a compreensão das linguagens da arte, ampliando a capacidade de perceber, analisar e avaliar as qualidades expressivas das imagens e objetos, desenvolvendo a imaginação e a poética visual.

Giovane Diniz
Visita a exposições Cor Opção, Palácio das artes - 2018

Visita a exposições Entre acervos, Palácio das artes - 2018

Exposição Habitáculo, Cine Theatro Brasil, BH, 2015


Eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver, eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana.                                                                                         
Rubem Alves
                                                                                                     
Instituto Inhotim, Brumadinho, MG 2014
O papel atribuído ao mestre é o de eliminar a distância entre seu saber e a ignorância do ignorante. Suas lições e os exercícios que ele da tem a finalidade de reduzir progressivamente o abismo que os separa.
Jacques Rancière        

Instituto Inhotim, Brumadinho, MG, 2013
                                                                                     

Nenhum comentário:

Postar um comentário